O que é a Engenharia Mental Transformativa e como ela pode mudar a sua vida.

Minha experiência pessoal e profissional com a hipnose me fez trilhar um caminho e desenvolver uma abordagem únicos comparado com meus colegas nas diversas áreas nas quais atuo.

A maioria dos meus colegas psicólogos ignora o uso clínico da hipnose e os que já ouviram falar raramente (para minha surpresa) usam-na. A maioria deles cita Sigmund Freud fora de um contexto de análise quando o mesmo teria desencorajado seu uso.

Freud aprendeu hipnose com Charcot. Segundo Alberto DellÌsola, “O uso da hipnose por Charcot era simples. Ele primeiro colocava os pacientes em estado hipnótico. Depois, ordenava que, ao acordar, o doente não apresentasse mais determinado sintoma. Após a ordem, o paciente era acordado. Na maioria das vezes, o sintoma realmente desaparecia, sem que o enfermo soubesse o motivo.

Era a técnica da sugestão hipnótica direta. Freud percebeu que, se a sugestão hipnótica era capaz de livrar os pacientes dos sintomas, a histeria não era uma doença fisiológica com origem no útero, mas um mal psicológico. Desbravar esse terreno oculto passou a ser seu grande objetivo de vida”.

Mais adiante, ele nos lembra: “Freud fez da hipnose sua principal arma para aliviar os sintomas dos pacientes”. E seguiu com a hipnose no consultório. Mas, ao longo dos meses, percebeu que sua atuação era quase mecânica. Freud desejava compreender as origens das perturbações dos pacientes. Não estava feliz no papel de burocrático hipnotizador”. 

a melhora era passageira porque, ao sair do transe, as pessoas não se lembravam mais do que haviam externalizado quando estavam hipnotizadas. Para Freud, isso fazia do paciente “um viciado dessa espécie de terapia”.

Freud decidiu procurar um novo método de investigação. Com a técnica da associação livre, o médico pedia ao paciente, agora consciente e deitado em um divã, para falar o que viesse à sua mente, permitindo ao analisado expor temores, desejos, pensamentos, sonhos e lembranças. E em 1918 ele escreveu: “O tratamento pela hipnose é um procedimento inútil e sem sentido”, 

No entanto o que parece ter faltado a Freud foi a possibilidade de compreender que a hipnose pode ser feita de outras formas que não um processo mecânico com comandos diretos sem consideração dos aspectos das dinâmicas emocionais e psicológicas dos pacientes.

Milton Erickson resolve o problema com uma abordagem indireta centrada no paciente e suas necessidades, mas ao mesmo tempo trabalhando as dinâmicas psicológicas dos mesmos, com inúmeras técnicas para distrair a mente consciente, usando muitas vezes o sintoma como “porta de entrada” para a cura, prescrevendo-o muitas vezes (o paciente deveria fazê-lo conscientemente e propositalmente, por exemplo. A ênfase vai para a interação entre o hipnotizador e o cliente. Sendo assim, o “transe” muitas vezes nem era necessário.

Outras escolas de hipnose enfatizam os níveis de transe e insistem que o hipnotizador deve procurar conhece-los bem e mover seu paciente propositalmente entre eles. Outros como o autor, com forte influência Ericksoniana, preferem “ deixar acontecer”.

Erickson e seus feitos ficaram muito famosos, o que fez com que Gregory Bateson recomendasse que Richard Bandler e John Grinder fossem estudar sua “ excelência”. Os mesmos estavam  estudando outros terapeutas capazes de feitos maravilhosos como Fritz Pearls e Virginia Satir, o que mais tarde viria a se constituir como “Programação Neurolinguística” ou PNL. O vocabulário hipnótico de Erickson foi “ modelado”  e usado como uma das linguagens da PNL para dar melhor acesso ao Inconsciente ou como eles chamam, “ Estrutura Profunda” . Ademais o autor ouviu pessoalmente de Richard Bandler em muitas formações que ele e Grinder também desejavam obter muitos dos efeitos da hipnose sem os processos hipnóticos.

A psicologia da PNL ao contrário das outras  psicologia é centrada mais no trabalho com a “estrutura”  do que nos “conteúdos”. Em trabalho com fobias, medos e ansiedade, por exemplo, mais do que procurar uma causa, o foco vai para as estratégias as quais envolvem sequenciamentos de fatores neurológicos e significados linguísticos. Os padrões de PNL desconstroem essas combinações “problemáticas” (programações neurolinguísticas”) ajudando com que o paciente tenha escolhas mais saudáveis, assim como condições para criar novas programações dentro de pressupostos identificados como geradores de processos mais saudáveis para o mesmo.

Embora não seja incomum encontrar pessoas que sejam da psicologia, tenham estudado hipnose e PNL, raramente existe um discurso de integrar efetivamente esses campos. Em muitos casos essas pessoas têm seus “momentos distintos” de psicoterapeuta, hipnoterapeuta e programador neurolinguístico. Mesmo usando com o mesmo paciente.

O autor deste artigo fez uma escolha de estudar e aplicar de forma integrada as várias abordagens da PNL: A original de Bandler e Grinder, de cada um separado, de Robert Dilts e Judith DeLozier, Michael Hall entre outros líderes, com o diferencial de usar um padrão de um com auxílio de abordagens de outros num mesmo procedimento.

Engenharia Mental Transformativa foi uma tentativa do autor de unificar verdadeiramente os papéis de terapeuta, programador neurolinguístico e hipnoterapeuta na prática clínica integrada.

Richard Bandler foi minha inspiração inicial quando desenvolveu o Design Human Engineering ™ e o Neuro-Hypnotic Repatterning ™ , especialidades “ spin-off”  da PNL. Bandler descobriu que além das modalidades VISUAL, AUDITIVA, CINESTÉSICA, OLFATIVA E GUSTATIVA, a estrutura das experiências subjetivas estava em detalhes específicos das mesmas. Numa experiência depressiva, por exemplo, a “ força” da depressão é representada por um dado paciente, por exemplo, como uma imagem parada em preto-e-branco sem som onde o mesmo tem um diálogo interno autodepreciativo e uma sensação de aperto na garganta. Sendo assim, no referido caso, o profissional começaria a modificar tais representações usando inclusive recursos hipnóticos para acessar a mente inconsciente.

Richard Bandler prega abertamente contra terapias extensivas, chegando a sugerir que seus aprendizes cobrem “pela mudança”. E aí o autor começou a se perguntar o que fazer com aqueles pacientes clínicos com uma dinâmica psicológica e emocional mais complexa em busca de mais do que “ uma cura” . 

Em muitos casos, a terapia com Engenharia Mental Transformativa exige uma combinação de terapia falada, induções hipnóticas com padrões hipnóticos agregados e padrões de PNL sem um setting hipnótico, com ênfase mais em procedimentos hipnóticos os quais vem depois de um “follow-up” (acompanhamento) do trabalho feito na sessão anterior. O procedimento com ou sem hipnose explícita é gravado, preferencialmente e enviado ao paciente para “reforçar” o padrão de mudança. Pode-se fazer uma “terapia breve” ou uma terapia mais extensiva para a reestruturação. 

A “ combinação mágica” dos estados hipnóticos com o “ poder transformador de estruturas” da PNL geram mais dinamismo e empoderamento transformacional. Mais do que cada universo (PNL e Hipnose) podem fazer separadamente. 

“ Engenharia Mental Transformativa” é a tentativa de usar o mapeamento fornecido tanto pela PNL sobre Mapas, Níveis Neurológicos, Trabalho profundo com Crenças, Modalidades e Submodalidades, Padrões Cinestésicos, poderosos Padrões de Linguagem, Modelagem e Estratégias com o conhecimento, estudo e uso de padrões hipnóticos e possibilidades de intervenções e comunicações hipnóticas eficazes numa abordagem clínica integrada. “ 

Engenharia” sim, pois existe um estudo. Compreensão e intervenção planejada em fatores estratégicos essenciais para a otimização de significados, estados, respostas neurolinguísticas e somáticas favoráveis para a superação de estados, experiências e condições de vida limitantes.

Estamos no início de uma grande jornada!

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