Neurônios Espelho e Empatia
Por que sorrimos quando vemos alguém sorrir? Ou por que ficamos com olhos marejados quando a protagonista de um filme chora?
Já reparou que nos retesamos quando vemos alguém com dor ou sentimos uma vontade incontrolável de bocejar quando alguém boceja? Afinal, o que nos leva a agir de acordo com o que as outras pessoas fazem?
A Origem da Fala
A origem da fala e da linguagem é indiscutivelmente a transição mais importante na evolução dos humanos modernos… com base na análise das mudanças genético-evolutivas e neurológicas que foram concomitantes às origens do ser humano moderno.
Essa estrutura está fundamentada no sistema de neurônios espelho, dos humanos e primatas relacionados, que proporciona um substrato neural bem caracterizado (isto é, o mesmo conjunto de neurônios pré-motores que dispara quando alguém observa ou escuta o movimento ou som feito pelo outro indivíduo, também dispara quando o próprio indivíduo faz um movimento ou emite um som) por uma aparente transição evolutiva na linhagem humana de gestos, para gestos com articulações até articulações que são livres de gestos.
A Evolução Molecular
Evidências obtidas por meio de ressonância magnética funcional, estudos de expressão do gene, associações fenótipo-genótipo e a evolução molecular de FOXP2 implicam este gene na evolução adaptativa dos sistemas de neurônios espelho nos humanos e, na origem da fala articulada.
Isso chama a atenção para o fato de que a hipótese evolutiva de Cresp oferece um contexto seletivo de novidade para uma transição chave na origem dos humanos modernos. Coloca o conflito em nível genômico como uma fonte de Darwinismo neural (Edelman, 1987, 1992).
Esta literatura científica sobre atividade em nível genômico em neurônios espelho, acrescenta mais suporte científico para o nosso modelo de expressão gênica e plasticidade cerebral em psicoterapia, hipnose terapêutica e reabilitação apresentado aqui.
É também, uma lembrança de que os conflitos humanos são aspectos inerentes ao estágio dois do processo criativo.
Estudemos a figura cuidadosamente para apreciar as profundas implicações de nossa integração da natureza dependente de atividade dos neurônios espelho, na geração da expressão gênica dependente de atividade e plasticidade cerebral durante as fases numinosas de consciência criativa, experiência psicossocial e cura.
Observe em particular, o pequeno símbolo delta (triângulo) indicando como qualquer mudança nestes quatro níveis maiores da mente-corpo pode ser descrita mediante transformações matemáticas no nível seguinte, em uma espiral infinita de desenvolvimentos intermináveis, na consciência e experiência humana. No jargão dos matemáticos estas transformações são chamadas de “equações diferenciais”.
Ainda que não pensemos realizar o desenvolvimento matemático aqui, é importante compreender o valor destas transformações matemáticas porque levam a uma resolução prática da chamada “dicotomia entre a mente e o corpo” tornada famosa pelo filósofo René Descartes (1596-1650).
Propomos que essas transformações matemáticas são, em última instância, as descrições mais econômicas de como os enfoques terapêuticos psicossociais delineados neste pequeno artigo, na melhor das circunstâncias, podem facilitar nossos modelos naturais de consciência, comunicação e cura entre a mente e o gene.
Para a Física
O brilhante físico Frank Wilczek (2008) que ganhou um Prêmio Nobel pela pesquisa realizada quando tinha 21 anos, nos ajuda a compreender tais transformações matemáticas como a melhor maneira de compreensão final da realidade.
Nas citações seguintes será útil recordar que o aspecto dependente de atividade da mente que ativa a expressão do gene dependente-de-atividade e plasticidade cerebral é uma atividade, uma “energia” que estende uma ponte sobre a chamada “brecha” Cartesiana entre a informação da mente e a massa do corpo.
“O conceito de energia é muito mais central na física moderna, do que o conceito de massa. Isto se mostra de muitas maneiras. É a energia não a massa que é verdadeiramente conservada.
É a energia que aparece em nossas equações tradicionais, tais como, a equação de Boltzsman para a mecânica estatística, a equação de Schrödinger para a mecânica quântica e a equação de Einstein para a gravidade.
Em Estado Hipnótico
Propomos que nosso reconhecimento universal do valor da regra de ouro se faz possível pela atividade empática e ideodinâmica de nosso sistema de neurônios espelho.
A teoria da ação ideodinâmica da hipnose terapêutica foi descrita como uma ideia ativadora de psicodinâmica em todos os níveis desde a mente até a expressão do gene e plasticidade cerebral.
Os valores da regra de ouro podem ser facilitados com aproximações terapêuticas ideodinâmicas tais como “O Processo Criativo de Quatro Estágios com Reflexo de Mãos”.
Essas aproximações terapêuticas são operativas em muitos níveis autorreferenciais, tanto no cliente quanto no terapeuta, assim como entre eles.
No sentido mais profundo a psicoterapia não é simplesmente um processo no qual o terapeuta ensina, dirige ou sugere coisas ao cliente.
Na melhor das circunstâncias, os sistemas de neurônios espelho de ambos, terapeuta e cliente, estão simultaneamente ativos em sincronia empática um com o outro. Essa é a regra de ouro da psicoterapia: O que os terapeutas dizem aos seus clientes, também o estão dizendo a si mesmos.
Insights criativos, cura e resolução do problema, através de experiências novas de expressão do gene e plasticidade cerebral, são mediados por processos mútuos de desenvolvimento e autocura internos, dentro e entre os sistemas de neurônios espelho do cliente e do terapeuta.
Referencias Bibliográficas:
Iacoboni, M (2007). Face to face: The Neural Basis of Social Mirroring and Empathy: Psychiatric Annals, 37(4), 236-241.
Ji, D & Wilson, M (2007). Coordinated Memory Replay in the Visual Cortex and Hippocampus During Sleep. Nature Neuroscience, 10, 100-107.
Rossi, E (2005). The Memory Trace Reactivation and Reconstruction Theory of Therapeutic Hypnosis: The Creative Replaying of Gene Expression and Brain Plasticity in Stroke Rehabilitation. Hypnos, 32, 5-16